SERRA DO TEPEQUÉM/RR.

                                         Diz a lenda que um vulcão vivia zangado, lançando suas chamas a longas distâncias. O fogo derramava suas chamas serra abaixo e tudo virava cinzas. Árvores, bichos, tudo. Na maloca, o Tuxaua, preocupado com a sobrevivência de sua tribo, consultou o Pajé e se reuniram em volta da fogueira.

                                 Num gesto de renúncia, as três mais belas índias virgens da tribo se ofereceram em sacrifício e se lançaram no fogo do vulcão, que aplacou sua ira.

                                 As lágrimas da três índias até hoje são encontradas em forma de diamantes em toda a Serra do Tepequém. Ao lado dessa imponente serra, três outras menores representam as três índias da maloca.

                                  Essa lenda conta bem o fascínio que a Serra do Tepequém representa desde os tempos em que era um dos eldorados do garimpo em Roraima.

                                  Encrustrada onde um dia foi um grande vulcão de 1.100 metros de altitude, a Serra do Tepequém possui um imenso vale cortado pelos igarapés Sobral e Paiva, que dão nome também às duas vilas - ou currutelas, como os antigos garimpeiros às denominam.

                                  A mais antiga delas, a Vila do Cabo Sobral, nos áureos tempos do garimpo, nas décadas de 30 e 40, chegou a ter uma rotatividade de quase 5 mil moradores, com infra-estrutura de comércio e até mesmo um pequeno "clube" onde os garimpeiros se divertiam. As ruínas desse Tapiri ainda podem ser vistas na vila e as histórias ainda são contadas pelos poucos moradores que ainda resistem em ficar por ali, na maioria idosos.


Como chegar
                            Saindo de Boa Vista/RR, deve pegar a BR 174, sentido Venezuela, até o km 102. A partir dali, percorre 58 quilômetros pela RR-203, até a Vila Brasil, sede do município de Amajari. Depois dali, são mais 48 quilômetros até as estâncias. Todo o percurso está asfaltado.

                                 Não é difícil avistar animais como tamanduás, jabutis, além de aves como gaviões, garças e outros pequenos voadores que embelezam o caminho e podem render boas fotos para o álbum de recordações.

                                 O viajando também é brindado com uma vista de encher os olhos. Imensos buritizais encortinam a paisagem, formando um grande painel verde, de onde se ouve o tilintar de pássaros e, vez ou outra, pode-se deliciar com a revoada de centenas deles.

                                 Depois de passar por todo esse deleite, chega-se ao trevo do Trairão, onde efetivamente começa a parte de maior aventura da viagem, que é a subida da serra.

                                 É importante lembrar que é preciso estar com o carro em perfeitas condições. São cerca de 4 quilômetros ladeira acima, com muitas curvas e o agravante de algumas crateras laterais na estrada causadas pela chuva.
                              

O que tem pra ver
                            Além da exuberância do visual serrano, com todas as suas especificidades, o turista que gosta de aventuras não terá do que reclamar. O local é ideal para a prática do trekking (caminhada), já que as cachoeiras não têm acesso direto para carros.

                                  O mais comum, é deixar os carros nas proximidades de uma das vilas, onde os próprios moradores podem servir de guias para as cachoeiras do Paiva, Sobral, da Barata e do Funil, que estão a cerca de 30 minutos a uma hora de caminhada das "currutelas".


                                  Os mais incauto pode se aventurar numa subida ao platô, ponto culminante de toda a serra. Para tanto, é necessária a contratação de um guia - alguns moradores da vila se dispõem a esse serviço - e estar bem preparado fisicamente para caminhar por cerca de duas horas e meia por trilhas abertas no meio da mata. Nesse caso também, é bom não esquecer de levar um cantil com bastante água e alimentos energéticos como barras de amendoim, chocolate, entre outros.

Quem se aventura à subida tem uma das visões mais espetaculares da serra, avistando a enorme cadeia de montanhas que delimita a fronteira Brasil-Venezuela e o enorme vale que um dia foi a cratera do extinto vulcão.

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